Sex, Nov 22, 2024

Assédio moral ou sexual atinge pelo menos 40% das mulheres policiais

A confecção de uma cartilha específica para orientar profissionais de segurança pública sobre o que fazer, como denunciar e o amparo legal cabível aos casos de assédio sexual e moral no ambiente de trabalho, é a primeira ação desencadeada para começar a combater o grave panorama revelado pela pesquisa "Mulheres nas instituições policiais". A cartilha será destinada a mulheres e a homens.
 
A pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (NEOP) da FGV, Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e o CRISP/UFMG, entre 12 e 16 de fevereiro de 2015, apontou que 40% do total de 13.055 profissionais que responderam o questionário foram ou continuam sendo vítimas de assédio sexual e/ou moral, praticado, em mais de 74% dos casos, por superiores hierárquicos. 
 
O presidente da Associação Nacional de Praças (Anaspra) e Associação de Praças de Santa Catarina (Aprasc), cabo Elisandro Lotin, salienta que a repercussão dada pela imprensa, no programa Fantástico, aos resultados do estudo, expondo em horário nobre na noite de domingo gravíssimos casos de assédio moral e sexual, na Polícia Militar de Minas Gerais e do Piauí, expõe um cenário que deve ser confrontado com ações práticas de educação e orientação legal sobre o que as vítimas devem fazer.  Segundo os dados levantados, 48% das vítimas não sabe o que fazer, como proceder. 
 
"Conversei com a secretária de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, sobre a confecção de uma cartilha específica para isso, algo que a Aprasc vem planejando desde que começamos a participar dos fóruns de debate sobre assédio moral no trabalho, em 2014. A proposta foi aceita e o material será elaborado pelo Ministério da Justiça, com a participação da Aprasc, da Anaspra e de outras entidades representativas", relata Lotin, sobre a conversa mantida na manhã de segunda-feira (30).  
 
Anônima
 
A pesquisa foi feita por meio de um questionário eletrônico protegido pelo anonimato. Convites individuais foram enviados a policiais e demais profissionais da segurança pública, cadastradas na Rede de Ensino à Distância da SENASP/MJ. 
 
Outro fator importante mostrado pelo estudo é o medo das vítimas em denunciar as situações, um dos principais obstáculos para mudar este cenário vergonhoso. De acordo com a pesquisa, pouco mais de 11% dos entrevistados que afirmaram ter sofrido assédio sexual e/ou moral, fez a denúncia. "Por isso, é preciso vencer o medo e denunciar, e nós, Aprasc e Anaspra, daremos todo o suporte necessário", assinala Lotin.
 
Texto: Mirela Maria Vieira (Jornalista/Aprasc)

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